Referência no enfrentamento à pandemia, Hospital São José completa 51 anos de história

31 de março de 2021 - 03:00

Criado em 1970, Hospital São José completa 51 anos nesta quarta-feira (31) 

Hospital São José (HSJ), referência no tratamento de doenças infectocontagiosas, completa 51 anos de existência nesta quarta-feira (31). A unidade da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) tornou-se, ao longo das últimas cinco décadas, uma instituição reconhecida pela qualidade dos serviços prestados à população cearense e pela humanização do atendimento, uma das principais características apontadas por pacientes do HSJ.

“Esse cuidado, esse atendimento humanizado, foi essencial para a minha melhora e acredito que para a de muitos pacientes”, conta Diego Damasceno, de 30 anos, que deu entrada no hospital para tratar a Covid-19. Depois de se recuperar e receber alta, ele enviou uma carta de agradecimento a todos os profissionais que o acompanharam durante a internação na unidade.

“Os profissionais sempre se apresentam, falam que hoje cuidarão da gente, mostram boa vontade e se prontificavam quando eu precisava de algo. Todos lhe chamam pelo nome, lhe tratam e conversam como se lhe conhecessem. Esse tratamento pessoal deixa a gente mais à vontade. Os constrangimentos e a sensação de impotência gerada pela doença se perdem no sentimento de afinidade e cuidado que a relação gerada [com os funcionários] cria”, relata o farmacêutico em um dos trechos do texto.

Enfrentamento à pandemia

Em 2020, com o início da pandemia, o HSJ precisou se adaptar a uma realidade até então desconhecida, sendo um dos primeiros hospitais do Ceará a receber pacientes diagnosticados com Covid-19. A unidade hospitalar capacitou profissionais de saúde de diferentes áreas para o enfrentamento à doença, que mudou a rotina dos colaboradores.

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Melissa Medeiros é pesquisadora e infectologista do Hospital São José

Atuando na linha de frente do atendimento à população, a médica infectologista Melissa Medeiros ressalta os aprendizados conquistados no último ano. “Quando a gente vê uma doença nova, o olho até brilha, pensando: ‘nossa, o que a gente vai descobrir, o que a gente pode fazer, vamos fazer um diferencial, vamos buscar respostas’. E quando você passa para o outro lado, que é quando você se torna paciente, a gente também passa pelas mesmas angústias, pelos mesmos medos. A gente até fala que isso ajuda o médico a se humanizar, quer dizer, a ter uma empatia maior pela dor do outro”, reflete a especialista, que também foi acometida pelo coronavírus.

Superação de estigmas

Criado em 1970, o São José, inicialmente, era mais restrito e marcado pelo isolamento dos pacientes, que não podiam receber visitas e tinham de enfrentar as enfermidades com poucas ferramentas de tratamento disponíveis até então. À época, havia a necessidade, no Ceará, de uma unidade que agregasse doenças transmissíveis e tratasse esses casos com a atenção necessária.

A primeira década de funcionamento do hospital foi marcada pela internação de pacientes portadores de doenças como tétano, raiva humana, difteria, coqueluche, febre tifóide, meningite, tuberculose e hepatites virais. Com o aparecimento da aids na década de 1980, o HSJ acolheu os pacientes diagnosticados com a doença — estágio avançado da infecção pelo HIV. Assim, torna-se, por muito tempo, a única unidade a atender pessoas soropositivas no Estado.

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Atualmente, a unidade conta com 966 funcionários e reúne grande leque de serviços

Apesar de as doenças infectocontagiosas ainda serem estigmatizadas pela sociedade, Edson Buhama Abreu, diretor-geral do São José, afirma que o hospital sempre acolheu os pacientes com todo zelo, atenção e cuidado necessários. “Existe uma harmonia intersetorial no São José e todo mundo entende o espírito que é trabalhar aqui. Entende, sobretudo, o perfil do nosso paciente. O hospital tem, portanto, essa característica de receber bem quem chega aqui, independentemente da situação em que a pessoa se encontre”, diz Edson, que trabalha no HSJ há exatos 21 anos.

Atualmente, a unidade conta com 966 funcionários e reúne grande leque de serviços com ambulatórios especializados, emergência 24 horas, Unidade de Terapia Intensiva (UTI), Hospital Dia, Programa de Atendimento Domiciliar, imagenologia, laboratório, farmácia, entre outros.

Ensino e pesquisa

O HSJ também ganhou destaque pelo trabalho com ensino e pesquisa, formando médicos infectologistas de várias instituições de ensino da Medicina do Ceará, de outros estados brasileiros e até de outros países. A unidade contribui, ainda, para a formação de residentes multiprofissionais das áreas de Enfermagem, Fisioterapia, Serviço Social, Farmácia, Psicologia, Nutrição e Terapia Ocupacional.

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O HSJ é responsável pela formação de médicos infectologistas e de residentes multiprofissionais 

Diretora técnica do São José, Tânia Mara Coelho não esconde o carinho que tem pela unidade, considerada por ela sua primeira casa. A médica pisou pela primeira vez no hospital há vinte anos, quando ainda cursava Medicina. De lá pra cá, são duas décadas de dedicação à Infectologia no HSJ.

“Nesses 51 anos, o São José conseguiu o reconhecimento da sociedade como referência no tratamento de doenças infectocontagiosas. Primeiro, nós precisamos lutar contra o estigma, porque existia um medo até de andar na rua do hospital. Com muito esforço, nós pudemos mostrar que temos um trabalho especializado e de qualidade e que as pessoas podem vir para o Hospital São José, pois aqui elas serão muito bem tratadas e cuidadas”, orgulha-se.