Outubro Verde: campanha chama a atenção para o diagnóstico precoce e tratamento da sífilis congênita
19 de outubro de 2023 - 12:41
Assessoria de Comunicação do HSJ
Texto: Bárbara Danthéias
Fotos: Diego Sombra e Bárbara Danthéias
A campanha Outubro Verde visa alertar a população para a importância do diagnóstico precoce e do tratamento da sífilis congênita, doença infectocontagiosa caracterizada pela transmissão da sífilis da mãe para o feto ou para o recém-nascido. A doença é uma infecção sexualmente transmissível (IST) curável e exclusiva do ser humano, causada pela bactéria Treponema pallidum e pode ser transmitida por relação sexual sem camisinha com pessoa infectada ou para a criança durante a gestação ou parto.
Gláucia Ferreira, infectologista pediátrica do Hospital São José (HSJ), unidade da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) referência no tratamento de doenças infectocontagiosas, explica que a taxa de transmissão vertical para o feto é de até 80% intrauterina, ou seja, acontece quando o bebê ainda está na barriga da mãe. “Essa forma de transmissão também pode acontecer durante o parto vaginal, se houver alguma infecção sifilítica na mãe”, complementa.
As crianças expostas à sífilis de mães que foram adequadamente tratadas durante a gestação também devem ser avaliadas (Foto: Diego Sombra)
Segundo a médica, a infecção fetal é influenciada pelo estágio da doença na mãe — sendo maior nos estágios primário e secundário — e pelo tempo durante o qual o feto foi exposto. “Até metade das gestantes com sífilis não tratadas podem ter desfechos gestacionais adversos, como morte intrauterina, parto prematuro, baixo peso de nascimento ou morte neonatal”, alerta.
De janeiro a setembro de 2023, foram notificados 1.103 casos de sífilis congênita e 2.191 casos de sífilis em gestantes no Ceará. Já em 2022, foram notificados 1.579 casos de sífilis congênita e 2.519 casos de sífilis em gestantes no estado.
Pré-natal é fundamental para diagnosticar precocemente a doença
Para evitar a transmissão da doença para o bebê, a mãe deve iniciar o tratamento ainda durante a gestação. A realização do teste diagnóstico da sífilis é indicada em dois momentos: na primeira consulta de pré-natal e no início do terceiro trimestre da gestação. “O único tratamento comprovadamente eficaz da sífilis na gestante é o tratamento com a penicilina benzatina (benzetacil), que deve ser iniciado até 30 dias antes do parto”, salienta Ferreira.
O teste para diagnóstico da sífilis deve ser realizado na primeira consulta de pré-natal e no início do terceiro trimestre da gravidez (Foto: Bárbara Danthéias)
A infectologista ressalta ainda que a gestante diagnosticada com sífilis deve ser acompanhada durante toda a gravidez, assim como suas parcerias sexuais, para evitar a reinfecção após o tratamento. “Se a mãe for inadequadamente tratada, também haverá a necessidade de acompanhamento da criança. O seguimento laboratorial da criança exposta à doença deve ser feito com um mês, três meses e seis meses, até que a criança apresente dois testes não reagentes”, destaca.
Os bebês dessas gestantes também devem ser acompanhados após o nascimento. “Os bebês de mães que foram inadequadamente tratadas ou não tratadas durante o pré-natal devem ser avaliados e tratados após o nascimento”, destaca.
Dia Nacional de Combate à Sífilis e à Sífilis Congênita
Nos terceiros sábados de outubro de cada ano celebra-se o Dia Nacional de Combate à Sífilis e à Sífilis Congênita. A Lei 13.430/2017 que institui o dia comemorativo foi aprovada pela Câmara dos Deputados em 2015 e pelo Senado Federal em 2017. O objetivo é enfatizar a importância do diagnóstico e do tratamento adequados da sífilis e especialmente na gestante durante o pré-natal.