Raiva humana: vacina é a principal medida de prevenção contra a doença
26 de setembro de 2024 - 13:08
Assessoria de Comunicação do HSJ
Texto e fotos: Bárbara Danthéias
Arte gráfica: Josias Jerônimo
Em Fortaleza, caso haja necessidade de aplicação do soro antirrábico, o paciente será encaminhado ao Hospital São José
Causada pelo vírus do gênero Lyssavirus, presente na saliva dos animais agressores, a raiva é uma doença infecciosa grave que atinge o sistema nervoso central de mamíferos, levando-os à morte em aproximadamente 100% dos casos. Apesar de não ter cura, a raiva humana pode ser prevenida por meio da vacinação antirrábica e, em alguns casos específicos, com a administração combinada da vacina e do soro antirrábico, após mordidas ou arranhões de animais que sejam possíveis transmissores da doença.
“Os animais transmissores atualmente no país são, principalmente, os animais selvagens, como os morcegos, saguis, raposas, cachorros e gatos-do-mato, assim como os animais de interesse econômico — porcos, vacas, cavalo e qualquer animal de grande porte criado em fazendas e sítios”, explica Luís Arthur Brasil, infectologista do Hospital São José (HSJ), unidade da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) referência no tratamento de doenças infecciosas.
De 2010 a 2024, foram registrados 48 casos de raiva humana no Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde. Desses, 24 foram causados por morcegos, nove por cães e cinco por primatas não humanos. O país está há quase dez anos sem registros da doença transmitida por cães — o último caso aconteceu em 2015, em Mato Grosso do Sul —, superando o prazo de cinco anos exigido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para declarar uma área livre de raiva.
Segundo o infectologista, a raiva leva de 30 a 60 dias para começar a apresentar sintomas no ser humano, como dor de cabeça inespecífica, agitação e, principalmente, alteração de sensibilidade e formigamento no local da ferida, quando o vírus começa a se aproximar dos nervos periféricos. “Com o tempo, o vírus alcança o sistema nervoso central e você começa a ver os sintomas mais comuns, como agressividade, agitação e desorientação até rebaixamento do nível de consciência e coma”, alerta.
Como agir em caso de mordida de animal
No último dia 15 de setembro, o entregador de ração Rodrigo Xavier, 27, foi mordido no pé direito por um cachorro de rua, enquanto andava de bicicleta e, imediatamente, buscou atendimento no posto de saúde. “O médico do posto me disse que eu tinha que ir ao Hospital São José, tomar o soro. Lá no hospital tomei o soro, mas a vacina antirrábica, estou tomando no posto aqui perto de casa”, relata.
Em Fortaleza, quando houver indicação do soro antirrábico, o paciente será encaminhado para o Hospital São José. O soro antirrábico é indicado em caso de lesões graves causadas por animais que não podem ser monitorados (gatos ou cachorros de rua), silvestres (saguis e raposas) ou de interesse econômico (bois, porcos e cavalos); lesões leves causadas por animais silvestres e, ainda, em caso de contato indireto ou lesões leves ou graves com morcegos. No interior do estado, a unidade básica de saúde deve solicitar à prefeitura, quando necessário.
Caso o indivíduo seja agredido por algum animal, o recomendado é lavar o ferimento com bastante água e sabão e, assim como Rodrigo, buscar imediatamente o posto de saúde mais próximo. Lá, o médico indicará a conduta mais adequada, considerando tanto a gravidade da lesão como o animal que ocasionou o ferimento. A vacina antirrábica é administrada em quatro doses ao longo de duas semanas (no primeiro, terceiro, sétimo e 14º dia após o acidente), enquanto o soro antirrábico é aplicado em dose única no local da ferida.
“A maioria dos casos causados por animais domésticos não irá necessitar inicialmente da vacinação e do soro, principalmente se esses animais forem possíveis de serem observados durante dez dias, no caso do cachorro e do gato domésticos. Já os demais animais, como os selvagens e os de interesse econômico, na grande maioria dos casos vão precisar de vacinação e soro antirrábico”, ressalta Brasil.
O médico enfatiza a importância de buscar auxílio médico imediatamente após esse tipo de acidente para iniciar a profilaxia antirrábica. “A nossa melhor estratégia de saúde pública é através da prevenção, da profilaxia antirrábica imediatamente após a mordedura. A raiva humana é uma doença que pode ser prevenida e a vacinação está amplamente disponível nos postos de saúde em todo o Estado”, reforça.