Cuidados Paliativos: serviço do HSJ oferece atendimento humanizado a pacientes e seus familiares
24 de outubro de 2023 - 13:21
Assessoria de Comunicação do HSJ
Texto e fotos: Bárbara Danthéias
Serviço Especializado de Cuidados Paliativos busca promover a qualidade de vida do paciente por meio do alívio das dores físicas, psíquicas, sociais e espirituais
Internado em decorrência de complicações da tuberculose, Reginaldo [nome fictício], 43 anos, é um dos pacientes assistidos pela equipe do Serviço Especializado de Cuidados Paliativos (SECP) do Hospital São José (HSJ), unidade da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) referência no tratamento de doenças infectocontagiosas. À meia-luz e ao som das melhores canções do cantor paraibano Genival Santos, ele recebe massagem relaxante e hidratação nas mãos e nos pés, cuidados que trazem alívio em meio ao sofrimento causado pela doença.
Na ocasião, as profissionais do serviço ofertam o cuidado e fazem perguntas a Reginaldo: qual música ele prefere ouvir, se o ambiente está confortável e se ele está sentindo algum tipo de dor. O paciente, emocionado, acaba trazendo à tona memórias sobre a família e algumas reflexões sobre a vida. “A vida é cheia de altos e baixos, tempo bom e tempo ruim”, externa.
Segundo Thaís Bandeira, médica paliativista e coordenadora do SECP, é possível notar uma espécie de “virada de chave” nos pacientes que se permitem ser cuidados dessa forma. “O que a gente percebe são relações familiares mais estreitadas e essa sabedoria na tomada de decisões, de perceber o que é mais importante. Eles conseguem ressignificar essa fase e tirar crescimento e aprendizado do sofrimento. Eles criam resiliência”, destaca.
Equipe multidisciplinar do Serviço Especializado de Cuidados Paliativos do HSJ; serviço conta ainda com farmacêutica e esteticista voluntárias
O tratamento individualizado e humanizado é uma das premissas do trabalho realizado pela equipe do Serviço Especializado de Cuidados Paliativos do HSJ. Inaugurado em 2018, o serviço conta com quatro médicos, três enfermeiras e psicóloga, além de uma farmacêutica e uma esteticista voluntárias. A assistência multidisciplinar é complementada por nutricionistas, fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais. Até 20 de outubro deste ano, a equipe realizou 311 interconsultas para identificar pacientes com indicação de cuidado paliativo no hospital.
“Os cuidados paliativos são uma abordagem ativa, holística e multiprofissional que busca promover a qualidade de vida de pacientes e seus familiares, que enfrentam doenças que ameaçam a vida e acarretam sofrimentos físicos, psíquicos, sociais e espirituais, não importando quanto tempo ainda tenham de vida”, define Bandeira. No HSJ, o Serviço acompanha pacientes internados no hospital e realiza atendimentos ambulatoriais a pacientes que já tiveram alta, além de atuar em parceria com o Programa de Assistência Domiciliar (PAD) da unidade.
Conforme a médica, o ideal é que os cuidados paliativos sejam iniciados no momento do diagnóstico de uma doença grave, mesmo que naquele momento existam várias propostas de tratamento disponíveis. “Os pacientes atendidos não necessariamente estão no último ano de vida. Temos uma paciente do PAD, por exemplo, que é acompanhada há quatro anos”, exemplifica, desmistificando a ideia de que somente pacientes no fim da vida estão aptos a receber cuidados paliativos.
Conforto para o paciente e seus familiares
A psicóloga do SECP, Simone Santos, relata que é comum haver, nos cuidados paliativos, o chamado “luto antecipatório”, que se refere ao conjunto de sentimentos que ocorrem quando alguém se dá conta da possibilidade de morte de um ente querido, tornando necessário prestar o cuidado também ao familiar daquele paciente.
“Depois que o ente querido morre, todos vão embora e só fica aquele familiar. Às vezes, um olhar, um conforto, um acolhimento fazem com que isso fique mais leve. Essa é a nossa intenção: o alívio do sofrimento”, ressalta. Dois dias após a morte de um paciente, a profissional envia uma carta de condolências e, ao longo de duas semanas, verifica como está o estado emocional da família, realizando intervenções ou, quando necessário, fazendo o encaminhamento para outras unidades que prestam atendimento psicológico.
A assistência a familiares de pacientes internados também faz parte da abordagem dos cuidados paliativos
A esteticista paliativista Vanessa Andrade reforça que a família faz parte da vida do paciente e também deve ser cuidada. “Já aconteceu de um paciente não se sentir à vontade para receber o cuidado, mas beneficiarmos a acompanhante. O cuidado paliativo cuida de todos os envolvidos. É o seu amor que está doente, então é muito essa dinâmica de se disponibilizar e cuidar de todos”, relata.
Thaís Bandeira observa que o nome “cuidados paliativos” ainda traz muito desconforto. “Ele é muito ligado a coisas que são como um curativo — ‘ah, isso é só paliativo’ —, que não vão ter uma ação resolutiva ou transformadora, mas não é isso que a gente vê no nosso dia a dia. Todo dia, a gente vê vidas que são transformadas. Mesmo que a gente não consiga mais modificar o curso da doença, ainda há muito o que ser feito por aquela pessoa”, enfatiza.
III Jornada de Cuidados Paliativos do HSJ
O Hospital São José (HSJ) promove, no próximo dia 26 de outubro, das 8h às 17h, no Auditório Dom Antônio de Almeida Lustosa, a III Jornada de Cuidados Paliativos. Com o tema “Intercessão entre os Cuidados Paliativos e a Infectologia”, a terceira edição do evento visa trazer uma reflexão sobre a atuação do serviço no cuidado de pacientes com doenças infecciosas crônicas, como HIV/aids e tuberculose multirresistente.
O evento é gratuito e destinado a profissionais e estudantes da área da saúde. Para realizar sua inscrição, basta clicar aqui.