HSJ desenvolve projeto que promove bem-estar e oferece lugar de escuta a pacientes internados com tuberculose

19 de junho de 2024 - 14:07 # # #

Assessoria de Comunicação do HSJ
Texto: Bárbara Danthéias
Fotos: Bárbara Danthéias e Divulgação/HSJ

Projeto promove encontros semanais entre os pacientes do HSJ e as equipes interdisciplinares do hospital

A rotina de uma pessoa internada para tratamento da tuberculose pode ser entediante e, muitas vezes, solitária, já que a doença demanda isolamento por conta do risco de contágio da infecção. Com o objetivo de levar bem-estar e oferecer lugar de escuta a esses pacientes, o Hospital São José (HSJ), unidade da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) referência no tratamento de pessoas com HIV e coinfecção por tuberculose (TB), desenvolveu o projeto “Canto de Esperançar”.

A iniciativa promove encontros semanais entre os pacientes de TB, internados por complicações da doença, e as equipes interdisciplinares do hospital. Ao longo do mês de maio, foram realizadas cinco oficinas pelos setores de Serviço Social, Terapia Ocupacional, Fisioterapia, Psicologia e Farmácia, sobre temas que envolviam direitos e cidadania; redução de danos a sexualidade e adesão aos medicamentos e saúde bucal; além de técnicas como aquarela e origami. Para o mês de junho, estão previstos novos encontros com a Enfermagem e a Nutrição do HSJ.

A gerente do Serviço Social do HSJ, Elisabeth Amaral, e as assistentes sociais Charliane Gonçalves e Francione Carvalho são responsáveis pela idealização do projeto. “Pensamos nesse nome ‘canto’ no sentido simbólico de canto da música e também no sentido de lugar, para que (a ala de pacientes internados com TB) se torne canto de esperanças e as pessoas não venham para cá só esperar serem tratadas. Esperamos que aqui seja um lugar no qual as pessoas tenham esperança de cura e mais dignidade para elas”, explica a assistente social Francione Carvalho.

Na oficina “Sou cidadão, tenho direito a…”, pacientes pintaram aquarelas que representavam direitos sociais, como saúde e educação

Mariana [nome fictício], internada com tuberculose no HSJ, participou de uma das das primeiras oficinas ministradas pela equipe do Serviço Social, denominada “Sou cidadão, tenho direito a…”. A proposta era usar a técnica da aquarela para pintar algo que representasse um direito essencial. A paciente pensou, então, no direito à saúde e pincelou um hospital. “Na verdade, isso é bom para a cabeça da gente, que tá atordoada com outras coisas. E eu gostei, eu não tava muito legal, não, mas depois que eu fiz isso aqui, meu sistema melhorou um pouco”, compartilha.

Entre os perfis acolhidos pela HSJ está grande parte da população à margem da sociedade, como pessoas em situação de rua e dependentes químicos. “Não podemos erradicar a tuberculose, mas podemos dar voz e protagonismo a essas pessoas. Uma vez por semana, nós temos esse momento de vincular e interagir, cada um dentro da sua competência profissional, para fazer vir à tona o protagonismo desse sujeito que é o nosso paciente”, enfatiza Carvalho.

Elisabeth Amaral, gerente do Serviço Social do HSJ, e as assistentes sociais Charliane Gonçalves e Francione Carvalho idealizaram o projeto “Canto de Esperançar”

Neste mês, o Serviço Social promoveu uma atividade usando a cultura como mote: Junho, o mês das festas juninas. “A partir dos clássicos de Luiz Gonzaga, ativamos a memória remota sobre suas histórias de festa de São João. Neste tempo, eles ainda não estavam doentes e nem com dependência química. Este resgate trouxe falas interessantes como um desejo forte de buscar a cura, reforçado por nós pela necessidade de adesão. Eles saíram muito animados, expressando palavras de ânimo e gratidão pelo encontro”, relata Elisabeth Amaral.

Oficinas

A Terapia Ocupacional integra o projeto e participou da iniciativa com a oficina “Valorizando os sentimentos com o uso da técnica de origami”. “A técnica usada foi a construção de um coração por meio de uma folha de papel, e perguntamos o que poderia ser expresso e colocado neste coração, usando a criatividade e sentimentos”, descreve a gerente de Terapia Ocupacional do HSJ, Márcia Andréa Rodrigues.

Para a gestora, a experiência foi bastante enriquecedora não só para os pacientes, mas também para os profissionais presentes. “Sentimos gratidão por este momento e por ter contribuído de alguma forma na vida de cada paciente. Esperamos que o despertar de sentimentos positivos possam refletir e muito na qualidade de vida e no tratamento”, destaca.

Pacientes confeccionaram corações em origami e expressaram sentimentos na oficina ministrada pela equipe de Terapia Ocupacional do HSJ

Já a equipe de Psicologia, em parceria com os residentes do primeiro e segundo ano, entrou no projeto levando para os pacientes a discussão sobre redução de danos e sexualidade. “O objetivo foi fortalecer estratégias de prevenção e desmistificar algumas informações sobre o HIV, pois sabemos que, na unidade, existe um perfil de coinfectados por HIV e tuberculose”, informa a coordenadora de Psicologia do HSJ, Gisele Dutra.

A assistente social Francione Carvalho ressalta que o projeto é um trabalho complexo e que o profissional que dele participa precisa assumir não a posição de ensinar, mas entender que todos nós temos o que aprender. “É uma honra quando o profissional consegue partilhar da vida desse paciente, porque você só fala das suas dores e alegrias para quem você confia. Quando o paciente fala da vida e sonhos dele para você, ele está abrindo o coração, porque se estabeleceu uma empatia e um vínculo”, reflete.

Tuberculose

Causada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis ou bacilo de Koch, a tuberculose é transmitida por meio de aerossóis produzidos pela tosse, fala ou espirro de uma pessoa com a doença. Os sintomas incluem tosse por mais de três semanas, cansaço, produção de catarro, falta de apetite, dor no peito, febre, emagrecimento e sudorese. O tratamento é gratuito e está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS). A tuberculose tem cura, caso o tratamento seja feito de forma adequada e até o final.