Sífilis: diagnóstico precoce e adesão ao tratamento evita estágios mais graves da doença

7 de outubro de 2025 - 18:05 # # #

Assessoria de Comunicação do HSJ
Texto: Allane Marreiro
Fotos: Ascom HSJ

Diagnóstico precoce por meio do teste rápido é crucial para evitar estágios avançados da sífilis

sífilis é uma das mais antigas infecções sexualmente transmissíveis (IST) e uma das mais fáceis de tratar, se diagnosticada precocemente. A doença, causada pela bactéria Treponema pallidum, foi descrita pela primeira vez em um surto na Europa, no ano de 1494. Mas ainda hoje, em pleno 2025, muitos casos são relatados. De janeiro a setembro, deste ano, já foram notificados 441 casos de sífilis só no Hospital São José (HSJ), unidade da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) referência no tratamento de doenças infecciosas.

Além das relações sexuais desprotegidas, outra forma de transmissão da doença é a vertical, que ocorre quando a mãe, portadora de sífilis não tratada, transmite a infecção ao bebê durante a gestação ou na hora do parto. Nesse caso, o bebê pode nascer com sífilis congênita.

Fernanda Remígio, médica infectologista do HSJ, ressalta que diagnóstico precoce também é uma forma de prevenção

Para a médica infectologista do HSJ, Fernanda Remígio, um dos maiores desafios da sífilis reside no fato de que muitas pessoas infectadas não apresentam sintomas nos estágios iniciais. Além disso, os sintomas podem desaparecer sozinhos, mesmo sem tratamento, mas a bactéria continua no corpo do paciente se desenvolvendo.

“A sífilis tem uma variedade muito grande de sintomas e manifestações. Pode começar com uma lesãozinha genital indolor, conhecida como úlcera, que desaparece espontaneamente — essa é a descrição clássica da sífilis primária. Também pode se manifestar como um quadro semelhante a uma alergia, com lesões rosadas ou avermelhadas na pele, caracterizando a sífilis secundária, que é autolimitada e desaparece após um certo tempo sem tratamento. Além disso, existem as formas terciárias, que afetam órgãos internos, gânglios e vasos sanguíneos. Embora as lesões possam desaparecer sozinhas, o microrganismo permanece no corpo, a menos que seja tratado”, destaca a infectologista.

Esse foi o caso da Paloma [nome fictício], que chegou na emergência do HSJ com as palmas das mãos e dos pés feridas, assim como a região íntima. Ela se queixava de febre há alguns dias. Começou o tratamento contra sífilis algumas vezes, mas não tinha a adesão correta ao tratamento, o que agravou seu quadro. “Quem tiver sífilis que busque o tratamento quanto antes porque é uma doença muito perigosa. Até hoje eu tenho cicatrizes da sífilis nos meus pés. Também tive um pequeno problema no cérebro, mas já está controlado”, destaca Paloma.

Em pacientes assintomáticos diagnosticados por exame, o tratamento padrão é com penicilina benzatina

De acordo com a infectologista Fernanda, a sífilis é uma doença com tratamento simples feito à base de um dos antibióticos mais antigo que existem: a penicilina. Entretanto, a sífilis é uma doença de desenvolvimento gradual, então caso haja interrupção do tratamento, ou não tenha um diagnóstico precoce, pode evoluir para a fase terciária causando um agravamento do quadro.

“A sífilis terciária se manifesta em pacientes que não receberam tratamento adequado, permitindo que a doença evolua por anos. As manifestações podem ser graves e sistêmicas, incluindo vasculites, alterações nos vasos sanguíneos, acidentes vasculares cerebrais (AVCs), problemas na aorta e comprometimento neurológico. A conscientização sobre a importância do diagnóstico precoce com os testes rápidos e o tratamento oportuno, por parte dos profissionais de saúde e da população em geral, é crucial para evitar o estágio avançado da sífilis” ressalta Fernanda.

Hoje, já curada, Paloma reconhece que o diagnóstico precoce e o tratamento são fundamentais. “Não tenham medo. Busquem o tratamento porque tem cura. Se cuidar logo que descobrir, você vai ter uma qualidade de vida muito melhor”, ressalta.

Prevenção

O uso de camisinha é uma das formas mais eficazes de prevenção contra a sífilis

A principal forma de prevenção da sífilis é o uso de preservativos, como a camisinha, evitando o contato com alguém que tenha o treponema. Além disso, a testagem de rotina, o diagnóstico precoce e o tratamento das pessoas infectadas também reduzem a chance de transmissão para outras pessoas. Tratar quem tem a doença é uma forma eficaz de proteger quem não tem.

O diagnóstico e tratamento da sífilis devem ser feitos na atenção primária, em qualquer posto de saúde. Os testes rápidos estão disponíveis em toda a Rede de Saúde, incluindo as Unidades Básicas de Saúde, onde os protocolos do Ministério da Saúde são seguidos rigorosamente.  Somente nos casos em que seja identificada alguma complicação, o paciente é encaminhado para uma unidade de alta complexidade como o HSJ.