Não deixar o mosquito nascer é responsabilidade de todos

15 de dezembro de 2015 - 21:41

Foto: Carlos Gibaja/Governo do Ceará

A Secretaria da Saúde do Estado já está fazendo a distribuição do larvicida para o controle do mosquito Aedes aegypti, enviado pelo Ministério da Saúde, na última segunda-feira, 14, para os 184 municípios do Ceará. A quantidade de larvicida é suficiente para tratar um volume de 1,5 bilhão de litros de água. São mais 3 toneladas de pyriproxyfen para eliminar as larvas do mosquito Aedes aegypti, que transmite dengue, Zika e chickungunya. Como se não bastasse um só mosquito transmitir três doenças, o Ministério da Saúde confirmou há menos de um mês de que há relação entre a microcefalia, doença que deixa as crianças com o crânio pequeno, abaixo de 32 centímetros, e a Zika. O vírus da Zika só teve confirmação de circulação no país a partir do ano passado, mas o mosquito é um velho conhecido dos brasileiros. “Há três décadas o Aedes aegypti adoece nossa população. Todos sabem como prevenir, mas precisamos evoluir no enfrentamento coletivo desse desafio. Por isso que é tão importante essa mobilização que o Governo do Estado está promovendo, com a integração de todos os setores na prevenção e no controle do mosquito”, disse o Secretário da Saúde do Estado, Henrique Javi, durante reunião ampliada do Comitê Executivo da Secretaria da Saúde do Estado, que ocorreu, no Palácio da Abolição, na manhã desta terça-feira, 15. Na semana passada o Governo do Estado reuniu os secretários de todos as secretarias para o envolvimento intersetorial.

A reunião ampliada desta terça-feira teve a participação do secretário adjunto do Gabinete do Governador, Fernando Santana. Ele afirmou que ¨o mosquito é de responsabilidade de todos. Mais do que um problema de saúde é um caso sério de política pública, que precisa do compromisso de todos os segmentos para proteger a nossa população¨. Participaram também da reunião o presidente do Conselho das Secretarias Municipais de Saúde, Josete Malheiro, a Secretaria de Saúde de Fortaleza, Socorro Martins, e do presidente do Conselho Estadual de Saúde, João Marques. Todos foram unânimes na defesa da participação efetiva de todos os setores, como da infraestrutura, recursos hídricos, meio ambiente, educação e, em especial, do controle social no combate ao mosquito. “A prevenção do Aedes aegypti perpassa todos os setores. Precisamos chamar as igrejas, escolas, universidades, o judiciário para o combate”, afirmou o presidente do Cesau, João Marques. O presidente do Cosems, Josete Malheiros, destacou a iniciativa do Governo do Estado em fazer a mobilização intersetorial: “essa mobilização, chamando todos para o diálogo, à participação, antes do período das chuvas, quando ocorre a maior reprodução do mosquito, é fundamental”. Ele defendeu a “resignificação” dos Agentes Comunitários de Saúde, num total de 15 mil existentes nos municípios, como estratégia oportuna para a prevenção do Aedes aegypti.      

A mobilização com agentes comunitários de saúde, agentes de combate a endemias, a compra de insumos e a disponibilidade de equipamentos para aplicação de inseticidas e larvicidas integram uma das três frentes do Plano Nacional de Enfrentamento à Microcefalia, lançado este mês pelo governo federal. A orientação é que as secretarias estaduais e municipais de saúde verifiquem se a utilização do insumo está de acordo com as normas do Programa Nacional de Controle da Dengue. Além disso, as secretarias devem realizar uma avaliação de risco, utilizando as informações do Levantamento Rápido de Índices para Aedes aegypti (LIRAa). O levantamento permite direcionar as ações de forma mais apropriada, de acordo com o tipo de depósito predominante em cada área.

O LIRAa é considerado um instrumento fundamental para orientar as ações de controle da dengue, Zika e chikungunya. O levantamento identifica os bairros onde estão concentrados os focos de reprodução do mosquito transmissor das doenças e os tipos de recipientes com água parada, que servem de criadouros mais comuns. A pesquisa proporciona informação qualificada para atuação das prefeituras nas ações de prevenção e controle, permitindo a mobilização de outros setores, além das secretarias de saúde, como os serviços de limpeza urbana, abastecimento de água, educação.

O índice utilizado no LIRAa leva em consideração a percentagem de casas visitadas que apresentem larvas do mosquito Aedes aegypti. Os municípios classificados como de risco apresentam larvas do mosquito em mais de 3,9% dos imóveis pesquisados. É considerado estado de alerta quando menos de 3,9% dos imóveis pesquisados têm larvas do mosquito e satisfatório quando o índice está abaixo de 1% de residências com larvas do mosquito.

Nas áreas infestadas pelo Aedes aegypti devem ser tratados todos os depósitos com água que ofereçam condições favoráveis à oviposição do vetor, caso não sejam passíveis de controle mecânico (destruição, vedação ou destinação adequada). Não devem ser aplicados inseticidas em latas, plásticos e outros depósitos descartáveis que possam ser eliminados; em garrafas, que devem ser viradas de boca para baixo e colocadas ao abrigo da chuva; em utensílios de cozinha que sirvam para acondicionar e cozinhar alimentos; em aquários ou tanques que contenham peixes; em pratos de vasos de plantas; em vasos sanitários, caixas d’água de descarga e ralos de banheiro, exceto quando a casa estiver desabitada; e em bebedouros de animais.

O pyriproxyfen atua sobre o inseto de forma análoga ao hormônio juvenil do mosquito, inibindo o desenvolvimento das características adultas do Aedes aegypti (por exemplo, asas, maturação dos órgãos reprodutivos e genitália externa), mantendo-o com aspecto “imaturo” (ninfa ou larva). Na fase larvária o controle é mais fácil, pois na fase adulta o mosquito tem asas e voa. O combate ao mosquito adulto com o fumacê não é a principal medida de controle. O método não é muito eficiente porque o componente químico tem atingir o mosquito em pleno voo, algo difícil se tratando de uma espécie que fica na maior parte do tempo em repouso. A utilização de larvicida é mais eficiente porque é possível identificar onde estão os focos e criadouros. Além do mais, o uso indiscriminado de inseticida pode até matar os mosquitos suscetíveis ao produto, mas não elimina os resistentes, produzindo assim populações cada vez mais resistentes.

O controle de vetores compreende duas atividades básicas: vigilância entomológica e combate  ao vetor. Essas atividades são realizadas por ciclos de trabalho, de dois em dois meses, o que equivale a seis visitas anuais ao mesmo imóvel. O larvicida, porém, não é a principal forma de combate ao Aedes aegypti. O insumo somente deve ser usado quando não é possível remover ou eliminar os criadouros por meios mecânicos ou físicos. Por isso, a população tem papel fundamental no processo de prevenção e controle da dengue, Zika e chickungunya, com a adoção de medidas simples, como a eliminação de recipientes que possam acumular água e servir de criadouro para o mosquito. É preciso manter a caixa d’água tampada, varrer quintais, colocar o lixo em sacos plásticos, guardar garrafas com bocas para baixo e não jogar lixo nas ruas.

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O que fazer para não deixar o mosquito nascer

– Manter a caixa d’água limpa e bem tampada.
– Limpar o quintal, no mínimo uma vez por semana, retirando todo o lixo.
– Não acumular nos quintais móveis velhos, eletrodomésticos ou qualquer objeto que possa acumular água.
– Colocar o lixo em saco. Amarrar o saco. Só colocar na calçada nos dias de coleta.
– Nunca jogar lixo nas ruas. Até numa tampinha de refrigerante o mosquito pode se multiplicar.
– Deixar as calhas sempre limpas.
– Os pneus usados devem ficar em locais cobertos para não juntar água.
– As garrafas devem ficar com a boca para baixo.
– Antes de armazenar água, lavar bem, com sabão e escova, os baldes, bacias e potes. É preciso tampar todos os depósitos de água.
– Evitar cultivo de plantas com água. Água acumulada, por menor que seja a quantidade, é um risco para a criação do mosquito.
– Limpar a bandeja que fica detrás da geladeira.
– Manter os ralos limpos telados, com os aparelhos sanitários sempre fechados.
– Receber o Agente de Endemias em sua residência.

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