Especialista orienta sobre tratamento de chikungunya em crianças

22 de maio de 2017 - 12:29

A chikungunya, doença transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, tem características diferenciadas quando acomete bebês. Nestes pacientes, a artralgia (dor nas articulações) não é a principal característica do quadro infeccioso. Outros sintomas ainda mais dolorosos e importantes devem ser observados com rigor para o tratamento correto. É o alerta do infectologista pediátrico do Hospital São José, Robério Leite. “As crianças não sabem se expressar sobre dores e sintomas. É preciso muita atenção no diagnóstico para que o tratamento aconteça de forma efetiva”, reforça o infectologista. As fortes dores nas articulações são alguns dos sintomas da chikungunya.  

Robério Leite destaca que nos bebês, a chikungunya tende a apresentar, além da febre e irritabilidade, erupções na pele semelhantes à queimadura solar. Em poucos dias, as bolhas se rompem em várias partes do corpo apresentando aspecto de queimadura. “Para os bebês, a pele é importante para a hidratação. Com a doença, além do risco de desidratação, os bebês podem adquirir infecções graves por conta das lesões na pele e da baixa da imunidade”, alerta o médico.

Já nas crianças maiores de um ano de idade, os sintomas são mais parecidos com os pacientes adultos com chikungunya, predominando as dores nas articulações e a febre alta repentina. “Estamos observando que os acometimentos nas articulações tendem a desaparecer logo nas crianças, diferente dos adultos que podem apresentar dores e danos crônicos”, diz o infectologista pediátrico.

Manejo clínico

Essas e outras observações sobre a doença em crianças estão sendo disseminadas, através de nota técnica, entre os pediatras para atualização constante do manejo. Segundo o infectologista Robério Leite, é importante reforçar que o combate ao Aedes aegypti é fundamental. Além de eliminar possíveis focos do mosquito, os pais devem usar mosquiteiros nos berços das crianças, vestir os pequenos com roupas compridas e usar o repelente somente nos bebês acima de 6 meses de idade.

Com o aparecimento desses sintomas, os pais devem levar as crianças à unidade de saúde. Nunca deve ser dada medicação sem prescrição médica. A transmissão da chikungunya acontece através da picada do mosquito ou de mãe (infectada) para filho na hora do parto. Os sintomas aparecem entre dois e 12 dias após o contágio. Não é possível ter chikungunya mais de uma vez. Depois de infectada uma vez, a pessoa fica imune.

Combate ao vetor

A eliminação de criadouros deve ser realizada pelo menos uma vez por semana. Assim, o ciclo de vida do mosquito será interrompido. A campanha Todos Contra o Mosquito, do Governo do Ceará, desenvolve ações permanentes com esse objetivo. O Estado também conta com o Comitê Gestor Estadual de Políticas de Enfrentamento à Dengue, Zika e Chikungunya, criado em 2015, pelo governador Camilo Santana.

A maioria dos focos do Aedes aegypti são encontrados dentro de casa. É preciso manter os quintais sempre limpos, recolher, eliminar ou guardar longe da chuva todo objeto que possa acumular água, como pneus velhos, latas, recipientes plásticos, tampas de garrafas, copos descartáveis e até cascas de ovos. O lixo doméstico deve ser acondicionado em sacos plásticos e descartado adequadamente, em depósitos fechados.

A passagem do fumacê, nome popular para a Pulverização espacial UBV, não diminui a necessidade da eliminação dos potenciais focos do mosquito. O procedimento que consiste na liberação via aérea de gases, que agem, por contato, atinge os mosquitos adultos em voo. A ação do produto só é efetiva quando o inseticida está em suspensão no ar e só mata o mosquito adulto. O inseticida não mata as larvas do mosquito, que estão em caixas d’água, potes, baldes, pneus, lajes. A recomendação aos moradores é que abram portas e janelas das casas na passagem do fumacê para que o inseticida atinja o mosquito dentro das residências.


Veja a nota técnica da Sociedade Cearense de Pediatria

Assessoria de Comunicação do Hospital São José
Franciane Amaral
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