Prevenção: especialista orienta sobre cuidados com leptospirose

8 de fevereiro de 2018 - 14:00

Em uma manhã de chuva forte, ao chegar todo molhado para uma consulta de acompanhamento no ambulatório do Hospital São José (HSJ), do Governo do Ceará, Auricélio comenta com outros pacientes na sala de espera: “sempre que começam as chuvas lembro do Josenir. Parecia uma doença tão boba, mas acabou levando meu primo. Os médicos disseram que ele pode ter ficado doente por causa do contato com água suja”.

Auricélio estava falando da leptospirose, infecção causada pela bactéria Leptospira, presente na urina dos ratos que pode contaminar a água de córregos, bueiros e esgotos. O contato com a água contaminada faz com que a bactéria penetre ativamente por mucosas ou lesões da pele, se espalhando rapidamente pela via linfática e sanguínea. Os principais órgãos afetados são os rins, fígado, cérebro e pulmões. No período de chuvas, o risco de leptospirose aumenta.

“Apesar de ser uma doença bastante comum no período chuvoso, as pessoas devem ficar atentas, pois a bactéria da leptospirose pode sobreviver no ambiente até semanas ou meses”, alerta o infectologista do Hospital São José, Edson Buhamra. Porém, são bactérias sensíveis aos desinfetantes comuns e a determinadas condições ambientais, sendo mortas rapidamente por desinfetantes, como o hipoclorito de sódio, presente na água sanitária.

Prevenção

Seguir as medidas básicas de higiene é a principal forma de prevenir a leptospirose. Acondicionar o lixo em sacos plásticos bem fechados e só colocar na rua nos dias de coleta. Caso tenha animais em casa (cães, gatos e outros), retirar e lavar os vasilhames de alimento do animal todos os dias antes do anoitecer, pois eles também podem ser contaminados pela urina do rato, nunca jogar lixo à beira de córregos, pois além de atrair roedores, o lixo dificulta o escoamento das águas, agravando o problema das enchentes.

Outras formas de cuidados são: manter as caixas d’água, ralos e vasos sanitários fechados com tampas pesadas, evitar nadar em rios ou lagoas com risco e alerta de contaminação, lavar bem os alimentos, especialmente frutas e verduras consumidas cruas, manter a caixa d’água sempre tampada, usar luvas e botas de borracha se trabalhar em ambientes que possam ser reservatórios da bactéria Leptospira.

Sintomas

Cerca de 5 a 7 dias após a infecção, aparecem os primeiros sintomas, que podem diminuir ou cessar ou até aumentar nos casos mais graves. “Os sintomas são parecidos com o de viroses mais comuns como febre repentina, mal-estar, olhos vermelhos, cansaço, diarreia, exantemas (manchas vermelhas no corpo). O que pode diferenciar e auxiliar no diagnóstico é a forte dor na panturrilha, a chamada batata da perna”, diz o infectologista. Na forma mais grave da doença podem aparecer sintomas como icterícia, hemorragias, complicações renais. Mas apesar de uma doença grave é fácil de ser evitada.

Diagnóstico e tratamento

Quanto mais cedo for iniciado o tratamento para a doença, maior será a chance de uma boa evolução. O tratamento da leptospirose consiste em hidratação e no uso de antibióticos. E foi por conta do diagnóstico precoce que Luís (nome fictício) conseguiu ficar curado da leptospirose. O diagnóstico causou susto e medo. Foram cinco meses de tratamento com internações, medicamentos e um afastamento do trabalho que quase causou uma depressão. “Pensei que ia morrer por causa dessa doença que eu nem conhecia direito, só sabia que pegava do rato”, diz o operador de máquinas que um ano depois da alta comemora e segue acompanhamento pontual, com hora marcada, no ambulatório do HSJ.

Importante

O contato com a urina de outras pessoas não transmite leptospirose, ou seja, não é possível passar de pessoa para pessoa. No caso de aparecimento de sintomas, o paciente deve procurar uma unidade básica de saúde. Se a suspeita de leptospirose for confirmada pelo médico, o paciente será encaminhado para o Hospital São José, referência no tratamento de doenças infecciosas, que atende pessoas de Fortaleza e do interior.

 

 
Assessoria de Comunicação do Hospital São José
Franciane Amaral
(85) 3101-2324